segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

POR TODO LUGAR COM O CHEF MATEUS VALVERDE: "YES, CHEF"

 Seis da tarde e a cozinha borbulha. É mais uma quinta-feira de verão e o calor passa dos quarenta graus.

Os primeiros clientes já chegaram e o livro de reservas já garante uma noite, no mínimo, excitante.
 
No fogão, 150 litros de caldo de carne borbulham preguiçosamente, exalando os aromas dos ossos torrados, mirepoix e do bouquet garni, que invadem todo o restaurante.
O mise en place tem que estar perfeito. Nada melhor para um chef do que saber exatamente onde está cada ingrediente que lhe serão fundamentais durante o serviço, assim como checar o frescor de cada um deles. Os mínimos detalhes devem ser observados.
Um frio na espinha precede as primeiras comandas. Mesmo tendo  feito duas vezes o checklist, há uma certa apreensão, que em algum momento durante as próximas 4 horas, sumirá. A adrenalina tomará conta e no meio das panelas fumegantes, facas amoladas, óleos quentes, molhos respingantes, não há mais espaço para insegurança.
 Há uma equipe para ser  orquestrada, todos num mesmo ritmo intenso, sem resmungos. "Yes, Chef!" é o que se espera ouvir após a leitura de cada comanda. 
Só há espaço para o silëncio e concentração- o cliente está com fome e não quer saber que o pedido dele atrasou porque o cozinheiro estava de papo furado com a garçonete e queimou o pão da sua bruschetta.
O caos organizado e incessante durará algumas horas.
Começam a chegar os primeiros pedidos de sobremesa e me dou conta que três horas se passaram. A boa atmosfera do salão reflete todo o trabalho e amor dedicado ao ato de servir. É a melhor recompensa.
Com a cozinha menos ativa, dá para ouvir os risos e o barulho de talheres raspando os pratos.
 A equipe se apressa na faxina, exaustos.
A noite vai chegando ao fim e a batalha foi vencida, mas a guerra recomeçará logo mais.