domingo, 10 de março de 2013

GARFO E FACA TATUADOS por RAPHAEL FLORES

Comida. Todos gostam, todos querem. Mas todos sabem realmente o que é comida? O que é comer bem?


Pois bem, meu nome é Raphael Flores e sou um curioso da cozinha e da culinária, não é para menos que tenho garfo e faca tatuados no braço. Trabalho com design publicitário, mas estudei Turismo – o que apura um pouco mais a minha atenção para alimentos & bebidas. Apesar de não ser uma autoridade no que se refere à Gastronomia, posso garantir: tenho bom paladar e meu tempero faz sucesso!
Com muita felicidade recebi o convite para escrever a coluna “Garfo e Faca Tatuados” neste blog dos estimados Mazo e Nara! Para quem sentia falta do “Aqui na Mesa”, meu antigo o blog, agora minhas pitadas podem ser lidas aqui no Sexto Sentido.
Como primeiro assunto, escolhi falar das coisas que me desagradam terrivelmente quando saio para comer ou simplesmente beber com amigos. Espero que isto sirva como dica para a galera que trabalha no ramo, porque tenho que confessar: Não está sendo fácil comer bem em Conquista!
Depois de experiência nos diversos bares e restaurantes da cidade, além de conversas com muitos amigos, eu afirmo: Tem se tornado cada vez mais difícil comer bem em Conquista! Nós temos vários estabelecimentos com menus de qualidade, ambientes arrojados, propostas diferenciadas, mas quando o assunto é organização, a solução muitas vezes é correr para as colinas.
Sinto que tudo está mesmo como um amigo diz, ou você vai a um bom e caro restaurante estrelado ou se permite aventurar num chamado “copo sujo”. Nos bons restaurantes, caso algo não esteja sendo feito ao gosto do cliente, basta uma sutil crítica quando o maitre faz a famigerada pergunta “estão satisfeitos?”.
Já no copo sujo, se algo te desagrada você já chega encostando no balcão, conversa com o dono, a esposa, o garçom e sai satisfeito. É claro que as expectativas são outras e assim sendo, evitam-se maiores decepções. Ou seja, um meio termo não serve.
Mas vamos às coisas que realmente me incomodam:
Em primeiro lugar a falta de padrão. A cada dia os “chefs” reinventam as receitas, as medidas, os temperos e isso não é nada agradável! Gosto de ir a um lugar conhecido e ter certeza de que vou me satisfazer com o mesmo sabor de antes!
Saio de casa com a certeza de onde quero comer, o que quero comer e mais precisamente qual a sensação que aquele prato vai me remeter. Porém, experiências como essas estão cada vez mais raras em nossa cidade e falo a partir das minhas referências, dos restaurantes, das lanchonetes, das docerias e pasmem, até dos trailers de sanduíche que frequento.
Coloco como segundo ponto, o bendito atendimento! Se você não está pronto para demandar a quantidade de mesas que dispõe, não trabalhe com lotação máxima em seu estabelecimento. Existe coisa mais desagradável do que ter que disputar o atendimento do garçom?
E onde foram parar aqueles moços e moças elegantes, que recebiam os clientes com um sorriso e um “boa noite”, que se apresentavam, que ofereciam boas sugestões? O que aconteceu com os garçons que serviam pela direita e retiravam pela esquerda, pedindo licença em cada uma dessas etapas? Onde está o pessoal treinado que fazia do prazer de comer, algo mais especial? Onde eles foram parar?

 
 

Não podemos esquecer uma prática que se tornou corriqueira aqui em Conquista, o “Cardápio Incompleto”. Como lidar? Aquela velha história: você chega ao lugar, analisa o cardápio, se decide por um prato e quando vai fazer o pedido, descobre que aquele prato não está sendo servido por falta de um ou de vários ingredientes.
Por que ocorre esse desrespeito com o cliente? Que problema logístico gera esta falta de abastecimento? Conquista é uma cidade que sofre de dificuldades de fornecimento? Infelizmente ninguém sabe explicar ao certo a origem deste fenômeno.
Não dá para esquecer o caso de uma famosa rede de sanduicharias, em que sempre faltam molhos, vegetais, vários tipos de recheio e até o pão! Mas isso não é exclusividade dos pratos, tem coisa mais chata do que ter que trocar de vinho duas, três vezes em uma noite? Ou mesmo trocar a sua marca predileta de cerveja, na segunda garrafa?
Lastimo muito pela falta de atenção, que tem vigorado, em uma quantidade acintosa de estabelecimentos da cidade. Sinto falta, sobretudo, de treinamento.



É preciso entender que para um negócio do ramo de alimentos & bebidas prosperar e garantir a satisfação do cliente deve-se estar atento ao atendimento, apoiar o funcionário, garantir o estoque de ingredientes e bebidas, e principalmente, como tudo isso tem sido observado pelo seu público-alvo. Já se sabe há muito tempo que o fato de ter uma casa cheia todas as semanas, não é garantia de que seu negócio vai dar certo, sobretudo se há desatenção com estes aspectos citados. E mesmo que a longevidade do estabelecimento seja estendida, ao custo da satisfação e da fidelização da clientela, vale mesmo a pena continuar? Comida é coisa séria.